quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A voz retoma ao hoje

A lua perdeu a memória
o relógio toca as doze badaladas
o lampião dos sonhos
geme nas folhas caídas
pelo ventre entorpecido.


Espero o nascer do sol
enquanto se esfumaçam
os dias na madrugada
envolta de brumas amarelecidas.


Cheira a manhã
num fio de suspiros
enquanto os candeeiros se calam
as pálpebras movimentam-se
em pequenas lembranças.


O Outono chega cedo
é a aragem
que as mãos encontram
nas rugas do rosto.


O espelho enaltece os timbres
no balanço do silêncio
a sede bebe o aroma da boca
e a voz retoma ao hoje
nos vasos escarlate aquecidos
pelo teu semblante
tatuado na minha eterna lembrança .




Ana Coelho

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