domingo, 25 de outubro de 2009

Restos de luz


[foto de José António Antunes]

É no tempo que nos resta
Que encontramos a vida
Aguarela cinzelada
No dourado solar
Escondido
Na lua prateada

Um labirinto caminho
Com becos cicatrizados
Espiral de horas
Promessas imaginárias

Erguem-se as pálpebras
Descalças
No fundo do túnel em breu
Um resto de luz
Espreita ao longe

Arranca no sangue
O grito agudo
Enraizado no desalento
Rasga o véu
Em busca da força divina

Tempo perdido
Agarrado no sussurro
Sem lamento…

Ana Coelho

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