domingo, 25 de outubro de 2009

Miragem


[foto do site olhares.com da autora joana saraiva]

Meus lábios tremem
No calor da primavera
Onde o sonho acorda
Na sombra das tuas asas,
Aconchego cansado
Dos uivos loucos sem dias.
Despenteio os dedos
No alpendre da eira
Que corre em água fervida,
Destilada no destino.
O medo é vapor
Na penumbra dos covis
Em relâmpagos de luz
Cortados pelo anónimo alvoroço.
Esvazio o pensamento
Longínquo
Onde o olhar acalenta
As manhãs em insónia.
Transfiguram-se fantasmas
Miragens ceifadas
No guardião da caça
…Caí o corpo em motim
No capim dos teus pés
…Assim adormeço o sono.

Ana Coelho

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